O Quinhentismo ou
Literatura de Informação corresponde ao estilo literário que abrange todas as
manifestações literárias produzidas no Brasil à época de seu descobrimento,
durante o século XVI. É um movimento paralelo ao Classicismo
português.
A
literatura de Informação tem como tema central os próprios objetivos da
expansão marítima: a conquista material, na forma da literatura informativa das
Grandes Navegações, e a conquista espiritual, resultante da política portuguesa
da Contra-Reforma e representada pela literatura jesuítica da Companhia de
Jesus.
Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/articles/5280/1/Literatura-de-Informacao/Paacutegina1.html
Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/articles/5280/1/Literatura-de-Informacao/Paacutegina1.html
Um exemplo da literatura de informação é a carta de
Pero Vaz de Caminha.
(fragmento
1)
”A partida de
Belém foi -- como Vossa Alteza sabe, segunda-feira 9 de março. [...]
Na noite seguinte à segunda-feira [22/03] amanheceu, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com a sua nau, sem haver tempo forte ou contrário para poder ser !
Fez o capitão suas diligências para o achar, em umas e outras partes. Mas... não apareceu mais !
E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando da dita Ilha -- segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas -- os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos.”
Na noite seguinte à segunda-feira [22/03] amanheceu, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com a sua nau, sem haver tempo forte ou contrário para poder ser !
Fez o capitão suas diligências para o achar, em umas e outras partes. Mas... não apareceu mais !
E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando da dita Ilha -- segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas -- os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos.”
(fragmento 2)
“Pardos, nus,
sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e
suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes
fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver
fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente
arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na
cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas
de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de
papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que
querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa
Alteza. E com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais
fala, por causa do mar.”
(Veja a carta
inteira em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/carta_caminha.htm)
Note que o autor
apenas descreve como foi o acontecimento, sem contar histórias inventadas,
apenas informado tudo ao rei de Portugal.
Outro exemplo de
autor do Quinhentismo é José de Anchieta, um
jesuíta que escrevia suas obras para a catequização dos índios. Ele escreveu
peças teatrais e poesias informando a grandeza de Deus.
O livro Iracema,
José de Alencar, apesar de ter sido escrito no século XIX contém vários traços
de literatura
de informação. A obra é descritiva, contando o espaço e
detalhando as ações:
(fragmento 1)
“Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta.
Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante
dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não
algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o
mar; nos olhos o azul triste das águas profundas.Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A
flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do
desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas
logo sorriu.”
O principal
objetivo de José de Alencar foi contar a origem do Brasil, com suas aventuras
heroicas e mitologia indígena. É quase que uma versão brasileira de “Os Lusíadas”,
já que as duas obras tem como alvo formar uma identidade nacional.
Lendo Iracema
O livro pode ser
encontrado em qualquer biblioteca pública e também em versão digital. Mas atenção! Nada de versões infantilizadas, pois
perderá todas as características poéticas e românticas da obra.
Entendendo
Iracema
Na história,
Iracema, índia tabajara, se apaixona por Martim, português inimigo da tribo. É
bom ressaltar que ela é a mulher mais importante da tribo, pois guarda o
segredo da Jurema, um alucinógeno que é dado aos guerreiros e só pode ser
fabricado pela virgem de Tupã. Por
amor, ela abandona seu grupo, trai o segredo da Jurema e se une com o homem
branco. Ela droga Martim e se deita com ele. Mas um índio da tribo dos
tabajaras é apaixonado por Iracema e vai atrás dela. Ele quer matar o
português, embora Iracema proteja o amado. Na companhia de Poti, chefe
guerreiro da nação pitiguara inimiga dos tabajaras e amigo do estrangeiro, o
casal monta uma cabana debaixo de uma árvore para dar início ali a uma nova
geração (o povo brasileiro), pois Iracema está esperando um filho. Da relação
proibida com o português nasce o filho Moacir ("filho do sofrimento"
e primeiro cearense) , enquanto Martim está lutando em outras regiões. Iracema,
por falta do amado chora muito e acaba ficando fraca, tão fraca que não tem nem
leite para dar ao recém-nascido. Sua ave amiga, a jandaia, a encontra e a
acalenta neste momento difícil. A ave é o símbolo da nação que foi deixada por
Iracema. Ao voltar, Martim encontra a esposa morrendo. Ela é enterrada debaixo
da sombra de um coqueiro e a jandaia fica ali com sua dona, cantando em cima do
coqueiro (a jandaia viva, é claro!). O português parte com o menino órfão de
mãe para Portugal. Mais tarde, volta ao Brasil para disseminar o cristianismo e
ir até o local onde a amada foi enterrada: Ceará, que significa canto a
jandaia.
Além da
literatura de informação, também existia a literatura de catequese. Ela era
usada para catequizar os índios, mostrando a grandiosidade de Deus através de
poemas, teatros, crônicas... Os principais escritores deste gênero foram os
jesuítasFernão Candim, Manuel da
Nóbrega e José de Anchieta. Estes dois últimos também
participaram da fundação de São Paulo e Rio de Janeiro.
Anchieta, além de escrever poemas religiosos, teatros e crônicas históricas, ele produziu uma gramática do tupi: Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil. Seu estilo, em relação aos poemas, era a medida velha, mostrando que o religioso não simpatizava com a Renascimento.
Anchieta, além de escrever poemas religiosos, teatros e crônicas históricas, ele produziu uma gramática do tupi: Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil. Seu estilo, em relação aos poemas, era a medida velha, mostrando que o religioso não simpatizava com a Renascimento.
Poema à virgem
Minha alma, por
que tu te abandonas ao profundo sono?
Por que no pesado sono, tão fundo ressonas?
Não te move à aflição dessa Mãe toda em pranto,
Que a morte tão cruel do FILHO chora tanto?
Por que no pesado sono, tão fundo ressonas?
Não te move à aflição dessa Mãe toda em pranto,
Que a morte tão cruel do FILHO chora tanto?
E cujas
entranhas sofre e se consome de dor,
Ao ver, ali presente, as chagas que ELE padece?
Em qualquer parte que olha, vê JESUS,
Apresentando aos teus olhos cheios de sangue.
Ao ver, ali presente, as chagas que ELE padece?
Em qualquer parte que olha, vê JESUS,
Apresentando aos teus olhos cheios de sangue.
Olha como está
prostrado diante da Face do PAI,
Todo o suor de sangue do seu corpo se esvai.
Olha a multidão se comporta como ELE se ladrão fosse,
Pisam-NO e amarram as mãos presas ao pescoço. [...]
Todo o suor de sangue do seu corpo se esvai.
Olha a multidão se comporta como ELE se ladrão fosse,
Pisam-NO e amarram as mãos presas ao pescoço. [...]
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário