quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Iracema

O livro Iracema, José de Alencar, apesar de ter sido escrito no século XIX contém vários traços de literatura de informação. A obra é descritiva, contando o espaço e detalhando as ações:

(fragmento 1)
“Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.” 

O principal objetivo de José de Alencar foi contar a origem do Brasil, com suas aventuras heroicas e mitologia indígena. É quase que uma versão brasileira de “Os Lusíadas”, já que as duas obras tem como alvo formar uma identidade nacional.

Lendo Iracema

O livro pode ser encontrado em qualquer biblioteca pública e também em versão digital. Mas atenção! Nada de versões infantilizadas, pois perderá todas as características poéticas e românticas da obra.


Entendendo Iracema

Na história, Iracema, índia tabajara, se apaixona por Martim, português inimigo da tribo. É bom ressaltar que ela é a mulher mais importante da tribo, pois guarda o segredo da Jurema, um alucinógeno que é dado aos guerreiros e só pode ser fabricado pela virgem de Tupã.  Por amor, ela abandona seu grupo, trai o segredo da Jurema e se une com o homem branco. Ela droga Martim e se deita com ele. Mas um índio da tribo dos tabajaras é apaixonado por Iracema e vai atrás dela. Ele quer matar o português, embora Iracema proteja o amado. Na companhia de Poti, chefe guerreiro da nação pitiguara inimiga dos tabajaras e amigo do estrangeiro, o casal monta uma cabana debaixo de uma árvore para dar início ali a uma nova geração (o povo brasileiro), pois Iracema está esperando um filho. Da relação proibida com o português nasce o filho Moacir ("filho do sofrimento" e primeiro cearense) , enquanto Martim está lutando em outras regiões. Iracema, por falta do amado chora muito e acaba ficando fraca, tão fraca que não tem nem leite para dar ao recém-nascido. Sua ave amiga, a jandaia, a encontra e a acalenta neste momento difícil. A ave é o símbolo da nação que foi deixada por Iracema. Ao voltar, Martim encontra a esposa morrendo. Ela é enterrada debaixo da sombra de um coqueiro e a jandaia fica ali com sua dona, cantando em cima do coqueiro (a jandaia viva, é claro!). O português parte com o menino órfão de mãe para Portugal. Mais tarde, volta ao Brasil para disseminar o cristianismo e ir até o local onde a amada foi enterrada: Ceará, que significa canto a jandaia.

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